Ruy Belo (1933-1978) |
Por António Costa*
No programa eleitoral
do Projecto de Cidadania, apresentado em 2009, dissemos que
“acreditamos na riqueza do património de Rio Maior que urge
valorizar”.
Dentro desse património
uma riqueza maior é sem dúvida o poeta Ruy Belo. Urge valorizar e
divulgar mais a sua vida e obra neste concelho onde nasceu. Concelho,
terras, o rio, gentes... que está presente na sua poesia.
Na próxima
quarta-feira cumprem-se oitenta anos do seu nascimento, em São João
da Ribeira. Boa ocasião para trazer aqui algumas palavras suas.
Ruy Belo dizia que via:
“primordialmente na arte criação de beleza, construção de
objectos tanto quanto possível belos em si mesmos”.
Mas também assumia nos
seus poemas: “a problemática de uma consciência que sofre as
contradições próprias da sociedade em que vive (...) uma reflexão
sobre o próprio poeta e a realidade que o rodeia, (...) uma forma de
intervenção, de compromisso, de luta por um mundo melhor”.
Ruy Belo apresentava-se
como: “um homem que sente na poesia a sua mais profunda razão de
vida mas se sente,
simultaneamente, solidário com os outros homens, que talvez tenham
dificuldade em compreendê-lo porque houve quem se empenhasse em que
não compreendessem, nem pensassem... porque pensar é
realmente um perigo, o maior dos perigos. Pensar, pensar como um
homem que nasceu livre e quer morrer livre, leva depois
inevitavelmente a actuar, a lutar contra qualquer forma de opressão."
Esta sua declaração,
ficou inscrita na sociedade ao intervir activamente nas greves
académicas de 1962, na oposição ao regime ditatorial, nas listas
da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD), em 1969. Também
criticou a guerra no Vietname e escreveu um poema de homenagem a
Salvador Allende.
O que levou a que as
suas actividades fossem vigiadas e condicionadas pela Polícia
Internacional e Defesa do Estado (PIDE). Mas não desistiu de pensar
e de actuar.
Obrigado Ruy Belo!
Pela tua poesia.
Pelo teu contributo
para a democracia.
* Intervenção proferida na Assembleia Municipal de Rio Maior (sessão de 23/02/2013)
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