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Carla Rodrigues |
A deputada Carla Rodrigues, representante do Projecto de Cidadania na Assembleia Municipal de Rio Maior, votou hoje contra o chamado "Programa de Apoio à Economia Local".
Eis um resumo do seu discurso:
«O governo propõe-se
emprestar à Câmara Municipal, agora a juros, dinheiro que andaram a
tirar, a reduzir, anos a fio. Mas, atenção, o
governo não se limita a ir ao bolso da câmara Municipal. Quer,
também, obrigar o município a fazer o mesmo aos munícipes.
(...) Isto não é sério, é
uma farsa. Uma farsa que obriga os autarcas a sugar os munícipes até
ao último cêntimo. Matéria em que este governo é exímio.
(...) As medidas propostas,
para um horizonte de 14 anos, comprometerão 4 mandatos depois deste,
que se encontra a um ano de terminar.
Quatro novos elencos
camarários depois deste ficarão amarrados a um garrote financeiro
que lhes retirará autonomia de gestão e liberdade para aplicarem as
medidas que o eleitorado sufragar. Não se vislumbra o que
tem esta autêntica operação de “tróika para as autarquias” a
ver com autonomia do poder local e, no limite, com a própria
democracia.
(...) Senão vejamos:
- Atualização, na
linguagem do executivo camarário, de todas as taxas de saneamento,
água e recolha de lixo; Na língua que falamos chama-se,
intensificação do crescimento ou mais claramente, aumento das
taxas;
- Crescimento colossal
das receitas do IMI, a aumentar 200 mil / ano entre 2012/15. Tornando
toda a argumentação sobre o IMI até aqui apresentada completamente
falaciosa;
- Racionalização das
despesas com pessoal ao serviço da Câmara. Aqui, das duas uma: ou
os serviços públicos prestados pelo município vão reduzir-se e/ou
degradar-se com a saída prevista destes trabalhadores, durante 14
anos. Ou esses trabalhadores que vão aposentar-se serão total ou
parcialmente substituídos por trabalho eventual, contratados, sem
vínculo ou à peça - operações de terrorismo laboral em que os
actuais governantes são, aliás, verdadeiros especialistas;
- Corte progressivo nas
transferências para as instituições / associações concelhias sem
fins lucrativos.
Medidas avulso,
inseridas numa estratégia precisa: pressão e manipulação com base
na situação da dívidas e, ataque ao poder local governado por
executivos divorciados das pessoas, dos munícipes por quem foram
eleitos. Consequentemente políticas erradas.
Ataca-se e torna-se
nula a capacidade dos municípios, retiram-se competências, em suma
centraliza-se. (...)
Algumas medidas
positivas de redução de despesas são apresentadas. Não alteram, a
nosso ver a essência deste quadro.
É também verdade que
este “empréstimo” permitirá injectar alguma liquidez na
economia local e resolverá problemas imediatos de tesouraria a
empresas e fornecedores locais. Consideramos no entanto
que este é um alívio ilusório, um autêntico “beijo da morte”,
pois a contração e o aperto que se lhes seguirão - decorrentes do
plano de medidas proposto - tornarão tudo ainda pior.
(...) O que os municípios
têm a fazer é, na nossa opinião, não sujeitar-se ao ataque brutal
que o governo lhes impõe com este programa, mas, exigir o aumento
das transferências do Orçamento de Estado e a reposição das
verbas cortadas. Em conjunto e no âmbito da Associação Nacional de
Municípios Portugueses.
Ou, no mínimo, a
concessão de empréstimos, ao juro de 1%, taxa a que o Estado o
recebeu, e, sem imposições gravíssimas e limitadoras da autonomia
do poder local.
Provavelmente, este
governo não o fará. Mais uma a comprovar
que este governo já está a mais e com prazo de validade
ultrapassado.»
Maior TV:
"Câmara de Rio Maior aprova PAEL"
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