Foi no
passado mês de julho, em S. Pedro do Sul, que se reuniram dezenas de
jovens de todo o país no acampamento anual do Bloco de Esquerda
‘Liberdade’.
Diretamente de Santarém, e acompanhado de dois rio-maiorenses, marquei presença nos vários debates que decorreram nos dias 26 a 30. Um espaço sociopolítico, destinado à troca de ideias e à integração social numa comunidade livre (tal como o nome do evento sugere) de autogestão e sem preconceito.
Diretamente de Santarém, e acompanhado de dois rio-maiorenses, marquei presença nos vários debates que decorreram nos dias 26 a 30. Um espaço sociopolítico, destinado à troca de ideias e à integração social numa comunidade livre (tal como o nome do evento sugere) de autogestão e sem preconceito.
1º dia
– 26 de julho. Depois de uma viagem atribulada e um pouco
cansativa, chegamos ao local pelo fim da tarde e com expectativas em
alta! Conseguimos conhecer algumas pessoas, e ainda assistir ao
debate sobre ‘Feminismo’. Notava-se neste espaço informalidade e
descontração tendencial ao falar do tema, explorando assim uma
vista pessoal e individual sobre o papel da mulher na sociedade. Há
uma maior aproximação e interação participativa e integrativa,
especialmente para quem apareceu no acampamento pela primeira vez, o
nosso caso!
Jantámos às 20h; e,
uma hora depois, devido a falhas técnicas, vimos um filme que não
vinha no ‘menu’: ‘A Mulher Invisível’, um filme sem qualquer
ligação intrínseca com a política onde um homem fantasia namorar
com uma mulher fruto da sua imaginação. Às 23h partimos para a
festa temática ‘Woodstock e Rock n Roll’ na Discoteca, onde
estivemos pouco tempo devido ao cansaço!
2º
dia - 27 de julho. Aqui começa verdadeiramente a jornada!
Infelizmente já falhámos o tão elogiado pequeno-almoço, mas mesmo
assim partimos para o primeiro debate do dia: ‘Movimentos Sociais’;
José Soeiro explica como os movimentos sociais são a principal
força de mudança inconformista no contexto político e social de um
país, e como esses movimentos unificam a população com os mesmos
interesses comunitários de uma democracia justa e fértil.
A seguir ao almoço assistimos a um debate com Carlos Santos: ‘Revoluções Árabes’; falou-se das revoluções atuais no médio oriente, nomeadamente na Líbia e na Síria, as suas origens, os efeitos secundários das intervenções militares nas mesmas e as possíveis consequências para Portugal.
A seguir ao almoço assistimos a um debate com Carlos Santos: ‘Revoluções Árabes’; falou-se das revoluções atuais no médio oriente, nomeadamente na Líbia e na Síria, as suas origens, os efeitos secundários das intervenções militares nas mesmas e as possíveis consequências para Portugal.
Um pouco depois, nessa
tarde, decidimos ‘fugir’ do acampamento. E, a seguir a um passeio
na serra e a um saltinho na piscina, apercebemo-nos de que estávamos
perante uma paisagem única! Muito rochosa e realmente ‘verde’.
Uma vista que, infelizmente, não chega a todos os ribatejanos. Mas,
para atenuar essa felicidade, não houve projeção de filme nesse
dia, em vez disso, falaram-nos antecipadamente da festa que viria em
seguida na discoteca.
3º dia - 28 de julho. Com algumas dores de cabeça, e falhando novamente o pequeno-almoço, fomos diretamente da tenda para o espaço plenário para ouvir Luís Fazenda e o seu debate sobre o ‘Tempo e Modo dos Partidos de Esquerda’. O professor e deputado do BE falou, cronologicamente, dos partidos de esquerda (nomeadamente Bloco de Esquerda, PCP e PS), da sua origem, da sua importância política e social, da sua inserção na atualidade e de como a sua potencialização pode ser benéfica para o nosso país e para o mundo. Colocaram-se várias perguntas e houve uma boa aderência ao debate, assim como em todos os debates deste acampamento.
Partimos agora para a
discoteca com o debate sobre ‘Música e Revolução’: um debate
muito dinâmico, envolvente, informal e, como sempre, participativo.
Houve espaço para todos se ouvirem e para uma troca mais eficiente
de ideias num debate muito saudável, feito de e para jovens, com
espaço a debater a seleção das músicas nas festas do próximo
acampamento.
17h da tarde e ainda
conseguimos apanhar o debate sobre ‘Capitalismo depois da Crise’
com Mariana Mortágua. A economista mostra os seus vastos
conhecimentos quando expõe a situação trágica do modelo
financeiro português e da crise de 2007 em diante, assegurando assim
que o capitalismo atual não é solução e que a rutura no sistema
económico português é um obstáculo incontornável ao
desenvolvimento do país. São apresentadas várias situações
bancárias a nível internacional que podem e devem (!) ser adotadas
por Portugal (o referido caso do Japão por exemplo).
A noite, a seguir ao
jantar, foi discutido o posição da Troika, a sua soberania perante
a Zona Euro e as eventuais privatizações gregas do
caminho-de-ferro, eletricidade e da água no filme ‘Catastroika’,
um filme atual e interessante que conta com a presença de vários
pensadores, filósofos e políticos.
Mas quando o sono de
um longo filme aperta, nada melhor que uma festa temática na
discoteca: ‘Se eu não posso Dançar esta Não é a Minha
Revolução’ foi o tema desta 3ª noite no acampamento, desta vez
sem contexto sexual ou rock n roll, a discoteca conseguiu abranger
vários estilos de música diferentes e sem limites sociais. Com
muita gente e pouca preocupação.
4º dia – 29 de
julho. Último dia de debates. Acordamos com boa música e com o
aviso de abertura do primeiro debate do dia: ‘A Alternativa de
Esquerda e a Crise Europeia’ com a Eurodeputada Marisa Matias,
chegamos tarde ao encontro, e a dor de cabeça permanecia, mas
conseguimos acompanhar: Tendo em conta a crise que afrontamos na Zona
Euro, Marisa contextualiza a ‘alternativa de esquerda’ como a
criação ou o aperfeiçoamento de políticas de esquerda que
enfrentem e solucionem a dívida soberana europeia: como é que a
unificação pode ser potencializada? Até que ponto é que a
esquerda é a solução? Foram alguns dos pontos discutidos. Neste
debate foram convidados representantes da Coligação da Esquerda
Radical SYRIZA da Grécia, que defendem teorias semelhantes quanto à
crise europeia e quanto às soluções que acham ser as melhores. A
partilha de ideias que vêm de pessoas de sítios e contextos
semelhantes: Portugal e Grécia, faz com que a eventual defesa destes
dois países, uma para com o outro, faça mais sentido, esteja mais
perto da realidade e seja ‘imaginável’ a sua relação, não só
política como partidária.
A seguir ao almoço
deu-se o Plenário do Ensino Secundário: um encontro que agrupou
maioritariamente estudantes do secundário (eu inclusive), e onde se
discutiram as presentes situações das diferentes escolas do país,
desde a Direção ao Refeitório, passando pelas Associações de
Estudantes, que foram tanto alvo de objeções como de elogios. Ficou
também proposta a criação de uma diretiva de estudantes do
secundário tendo por base as redes sociais (a forma mais fácil de
contacto).
Antes da última
refeição, fomos convidados para a festa ‘Lusco-fusco’ no sítio
do costume (discoteca) que há quem dissesse ser ‘6, 7 minutinhos’.
A seguir ao jantar, assistimos ao filme ‘The Pervert’s Guide To
Cinema’, apresentado pelo também ribatejano Bruno Góis, onde o
filósofo Slavoj Zizek expõe o seu olhar lógico e racional perante
cenas famosas do cinema e onde o seu pensamento é acompanhado de um
rigor único e inconveniente. Um Filme muito Curioso!
Sem sair do local, foi
tempo de nos ser apresentado o ‘Teatro do Oprimido’: uma peça
interativa interpretada por quem quisesse (e que fosse aos ensaios),
com duas cenas distintas onde a plateia podia opinar à vontade e
tinha também a possibilidade de intervir e recriar a estória de
modo a mudá-la, um momento de diversão da noite. Logo depois foi
feito o balanço do ‘Liberdade’ deste ano: o acampamento agrupou
mais 200 jovens de todos os distritos do país, dos Países Bascos,
Grécia, Espanha, França e Arquipélagos. São também aceites novas
propostas para os próximos anos desde programas, espaços,
workshops, entre outros.
Nada melhor para
encerrar um acampamento deste género do que com os ‘Marx House
Mafia’, um trio de Djs com uma seleção de músicas interventivas
e politicamente à esquerda, com muita diversão e certamente para
deixar a malta com água na boca para o que se vai passar em 2013!
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