quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Quem quer a cimenteira em Rio Maior? Retrato de Hermínio Martinho

Por Carlos Carujo

O assessor da administração da Tecnovia tem sido o principal porta-voz da defesa da construção de uma fábrica de cimento em Rio Maior. Para quem não o conheça, aqui fica um breve resumo do seu currículo político.
Hermínio Martinho foi dirigente e deputado do PRD, partido criado sob a influência do general Ramalho Eanes, então presidente da República.
Na noite do descalabro eleitoral deste partido, tornou-se célebre a forma como terminou uma entrevista na RTP: “agora vou para casa que as minhas vacas estão com água pela barriga”, expressão que se tornou parte do anedotário político nacional durante algum tempo.
Depois disso, acabou por ser convidado por Cavaco Silva para presidir à Companhia das Lezírias onde deixou um passivo enorme e de onde acabou demitido. Foi ele quem tornou a Companhia das Lezírias permeável aos interesses privados. Como era impossível vender terrenos da Companhia das Lezírias, fez um negócio com o grupo Espírito Santo que passou pela constituição em parceria da infelizmente célebre empresa Portucale na qual a empresa pública entraria com os terrenos da herdade da Vargem Fresca. Mais tarde, a Companhia das Lezírias sai da Portucale tendo ficado os terrenos para a empresa por preço módico numa artimanha considerada desfavorável para o Estado pela Inspecção Geral de Finanças. (Ver os pormenores do negócio aqui)
Ainda durante o mandato na Companhia das Lezírias, Martinho acabou por aderir ao PSD de Cavaco Silva (ironicamente o mesmo que ajudou a derrubar devido a uma moção de censura ou, sob outro ponto de vista, o mesmo que ajudou a ter uma maioria absoluta). Do seu currículo político consta ainda uma candidatura à Câmara Municipal de Santarém pelo PSD. Hoje é assessor da Tecnovia e promotor da construção da cimenteira.
Desta história, desconhece-se que sorte terão tido as vacas que tinham água pela barriga no dia em que Martinho abandonou a política para depois abraçar o mundo dos negócios politizados; conhece-se relativamente o que se passou depois na Companhia das Lezírias e na Portucale; mas ainda está por saber o que dá tanta insistência de uma personagem com alguma influência na vida política portuguesa na questão da cimenteira. Será que futuro governo do seu partido permeável a este negócio?

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