Catarina Martins |
A
deputada Catarina Martins, coordenadora nacional do Bloco de Esquerda,
apresentou na Assembleia da República uma pergunta, ao Secretário
de Estado da Cultura sobre a situação do
Castro de S. Martinho:
«O
Castro de S. Martinho é um povoado fortificado, da Idade do
Bronze/Idade do Ferro, com três linhas de muralhas, que se localiza
a uma cota máxima de altitude de 300m, no cume do Monte de S.
Martinho, entre os lugares de Casal da Velha e Teira, Freguesia de
Alcobertas, Concelho de Rio Maior.
Em 1958,
no I Congresso Nacional de Arqueologia, o Castro de S. Martinho é
assinalado como local onde foram encontradas peças de elevado
interesse (Paço, et al. 1959, 287). Em 1962, os mesmos
investigadores, no XXVI Congresso Luso-Espanhol para o Progresso das
Ciências, dedicam a comunicação apenas a uma peça encontrada no
Castro de S. Martinho e na publicação avisam: “bem merecia que se
cuidasse dele a sério, estudando-o conscienciosamente, não o
transformando em «mina» para recolha de objectos”(Paço, et al.
1962). Na Revista de Guimarães em 1978 é publicado um artigo sobre
o espólio arqueológico de Rio Maior, onde novamente é registada a
importância de uma escavação arqueológica do sítio (Almeida,
1978, 398).
Recriação imaginária de como seria o Castro de S. Martinho |
Para
além da sua relevância científica ainda tão inexplorada, o Castro
de S. Martinho, que possui uma extensa vista panorâmica, com um raio
de alcance visual para Santarém, Serra de Montejunto e Serra de
Aire, apresenta também um grande potencial para se tornar um polo de
atracão turística, associado ao conjunto de património edificado
da freguesia de Alcobertas, nomeadamente o Dólmen, a Gruta, o forno
e os Silos Medievais. E em ligação também ao património natural
do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros.
É assim
particularmente lamentável que, como alerta o Portal do Arqueólogo,
da Direção Geral do Património Cultural, a estação arqueológica
do Castro de S. Martinho se encontre em “perigo”, porque
“ameaçada”por uma pedreira “que labora no lado Oeste do
sítio”.
O
supracitado arqueólogo Carlos Pereira relata que “ao longo dos
anos, este local tem vindo a ser alvo das mais diversas delapidações,
desde a abertura de uma estrada florestal, cortando parte do sítio,
cultivo de produtos agrícolas, plantação de eucaliptos e ainda a
abertura de uma pedreira, a qual já consumiu uma parte significativa
do Castro. Para além dos “ataques” de curiosos e “caçadores
de tesouros” (ibidem).
Segundo
este técnico do Município de Rio Maior, no início dos anos 1980, o
executivo camarário, “tendo noção da importância deste sítio
para a identidade desta região, encerra uma extracção de inertes,
situada a meio da encosta E, estabelece uma cota altimétrica (curva
de nível 275) como linha de limite de protecção ao castro e
inicia, ainda, o cadastro dos proprietários deste cabeço para levar
a efeito um processo de expropriação das parcelas situadas acima
desta linha. Em 26 de Junho de 1981 estava concluído o levantamento
dos proprietários e das respectivas áreas a serem expropriadas”.
Porém, “este processo não foi continuado pelos executivos
seguintes”. E “com a abertura da pedreira “Teira” na encosta
W, inicia-se uma nova fase de perturbação deste sítio”. Em
1998, “os limites de segurança aos trabalhos de extracção de
inertes tinham sido largamente ultrapassados” e perante “a
existência de graves problemas de estabilidade, com a ocorrência de
escorregamentos, o proprietário (…) tomou a iniciativa de terminar
o avanço da actividade extractiva nesta frente”. Mas terá sido
tarde demais: “os trabalhos de lavra já tinham provocado estragos
irreversíveis em áreas com espólio arqueológico, situação
agravada por diversos escorregamentos do terreno em toda a frente,
causados por factores diversos (vibrações, águas pluviais,
pendente da encosta, etc.)”. (ibidem)
Atendendo
ao exposto, e ao abrigo das disposições constitucionais e
regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda vem
por este meio dirigir ao Governo, através do Secretário de Estado
da Cultura, a seguinte pergunta:
Que
medidas estão previstas ou em vias de aplicação, e qual o seu
prazo de execução, para permitir e assegurar que o Castro de S.
Martinho, localizado em Alcobertas, concelho de Rio Maior, possa ser
devidamente preservado, estudado e aproveitado para o desenvolvimento
cultural, turístico e económico da região onde se insere?»
Notícias do Ribatejo:
"Rio Maior: Bloco de Esquerda questiona situação do Castro de S. Martinho"
Maior TV:
"Bloco questiona situação do Castro de S. Martinho"
Oeste Global:
"Rio Maior. BE questiona situação do Castro de S. Martinho"
Notícias do Ribatejo:
"Rio Maior: Bloco de Esquerda questiona situação do Castro de S. Martinho"
Maior TV:
"Bloco questiona situação do Castro de S. Martinho"
Oeste Global:
"Rio Maior. BE questiona situação do Castro de S. Martinho"
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