quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O que é ser ribatejano e quão ribatejano é o concelho de Rio Maior?



Uma famosa rábula do programa de televisão “cinco para a meia noite” faz uma caricatura chamada os “ribatexanos”. Humor é humor e a distância é grande entre ribatejanos e esses estranhos cowboys tugas, snobs e ridículos, que são os ribatexanos. Mas a peça de humor é um início possível para colocar a questão sobre o que significa ser ribatejano.
Por sua vez, Joaquim António Emídio, coloca a mesma questão de um modo mais reflectido no blogue em que reproduz as crónicas que assina na última página do jornal Mirante.
A sua reflexão coloca algumas questões interessantes sobre a diferença entre o Ribatejo mais desenvolvido e o Ribatejo interior considerando que: “No interior ainda há um povo agarrado às suas raízes, vigilante, colaborador e solidário, bairrista quanto baste para manter o clube de futebol, o grupo de teatro, o rancho folclórico, entre outras associações. Ao contrário, no Ribatejo mais próximo das vias rápidas, onde o território é mais habitado e o povo aparenta ter melhores condições de vida, parece que estamos todos acomodados à espera que a solução para os nossos problemas caia do céu.”
A reflexão do autor condu-lo para outro lado que não o aprofundamento desta questão, acabando por culpar políticos, associações e sindicatos dos problemas do país e deixando entender que o que se salva é a “terra da boa” a que haveria de voltar para o país sair da situação em que se encontra.
Não é sobre essa estratégia de “regresso à terra” que aqui se quer escrever agora aqui, interessam-nos mais as questões que ficam penduradas. Não só as que são, poderíamos dizer para simplificar, de “Antropologia Cultural” (como se constroem e vivem as identidades locais e como se relacionam com as regionais, de que forma existem estas identidades, são vividas como naturais ou como artificiais, há ou não uma identidade ribatejana, ou até como é que a existência de um construto político-simbólico chamado  “Ribatejo” influenciou as vivências etc.) mas também as questões políticas mais propriamente ditas, numa altura em que se anuncia uma futura regionalização e em que, portanto, a entidade já de si sem poderes efectivos chamada “Ribatejo” poderá (recorde-se que as propostas existentes consideram a possibilidade de uma região chamada “Estremadura e Ribatejo” ou de uma região maior chamada “Lisboa e Vale do Tejo) ser dissolvida numa outra entidade política desta feita com poderes reais. Essa futura regionalização do país irá afectar como o território do Ribatejo e Rio Maior em particular? O que acontecerá à actual divisão entre realidades de gestão intermunicipal que existe? Recorde-se que, por exemplo, no que diz respeito às águas Rio Maior parece pertencer ao Oeste. E, para receber fundos, parece que Rio Maior afinal é Alentejo…

Carlos Carujo

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