quarta-feira, 28 de abril de 2010

25 de Abril em Rio Maior



Em nome do Projecto de Cidadania (apoiado pelo Bloco de Esquerda), Carla Rodrigues foi uma das vozes presentes nas celebrações municipais do 25 de Abril em Rio Maior.
Apresentamos aqui um resumo da sua intervenção:


Há 36 anos vivia em França e tinha 8 anos de idade. Jantávamos em relativo silêncio para se ouvirem as noticías. Nesse dia 25 de Abril, sem eu perceber porquê, de repente os meus pais levantaram-se da mesa e o normal silêncio transformou-se numa dança dos dois, em risos, abraços e palavras que proferiam ao mesmo tempo...
Falava-se na esperança de voltar a viver em Portugal. E regressámos quatro anos depois, em 1978.
Dessa época recordo o meu pai dizendo à minha mãe que tendo uma infinidade de sítios onde poderia ter escolhido morar em Portugal, tinha conseguido escolher o único sítio onde a liberdade ainda não tinha chegado, o sítio onde não lhe serviam a bica porque lia o Avante e os comunistas ainda tinham fama de comer criancinhas ao pequeno-almoço. Assim ia a liberdade em Rio Maior.
Passados 36 anos, democracia e liberdade parecem algo em fase de retrocesso. Estaremos de novo perante desafios semelhantes aos que se colocaram na Revolução dos Cravos?
Portugal modernizou-se na fachada mas permanece no seu mais íntimo um cenário onde alastra a fome, a iliteracia, a doença, onde se alimenta o alheamento e o abstencionismo na participação cívica e política, onde a garantia constitucional e fundamental de um Serviço Nacional de Saúde e da democratização do Ensino parecem apenas miragens, como se a Saúde e a Educação fossem apenas bens de consumo.
Como diria Sérgio Godinho, só há liberdade a sério quando houver paz, pão, habitação, saúde e educação.

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